
Na audiência, Luís Claudio
destacou que “a história de Eremias serve como lição para que o povo brasileiro
não cometa mais o erro de permitir outro golpe no nosso país e que famílias não
sejam mais destruídas como foi à família de Eremias e de outros que também
foram vítimas desse golpe e dessa ditadura”. Para Aline Bailo, “conhecer a
história do Eremias é muito importante pelo seu exemplo, por também ter sido
estudante daqui e ser de um movimento estudantil perseguido pela ditadura, que
deixou tudo para lutar pela liberdade e pela democracia no país. O grêmio
estudantil deve garantir que seu nome e sua seja sempre lembrado pelos
estudantes.”
Destaque para a participação dos
estudantes e servidores do campus de Cubatão.
O momento mais emocionante da
audiência foi quando o Diretor Luís Claudio entregou ao Irmão de Eremias,
Demétrio, o certificado de conclusão de curso; uma forma de reparação simbólica
às violências cometidas pelo estado sobre esse militante.
No final, a audiência foi
encerrada com muitos aplausos e a saudação de “Eremias Delizoicov, PRESENTE!”.
A atividade foi muito importante
para o grêmio estudantil, que acreditou do início ao fim, passando em sala,
mobilizando todos os cursos para participar, contribuindo para que os
estudantes tenham consciência de que lutar é importante e que se hoje podemos
nos organizar através do grêmio e outras entidades, deve-se a companheiros que
deram suas vidas pra isso!
Estudante
de Mecânica da antiga Escola Técnica Federal, atual IFSP – a Federal –
ingressante em 1967 do ensino clássico (ensino médio) do colégio estadual
M.M.D.C, Eremias Delizoicov nasceu em 27 de março de 1951, em São Paulo, Filho
de Jorge Delizoicov e Liubov Gradinar Delizoicov.
Segundo
relatos de seu único irmão, mais velho e confidente, Eremias era músico, tinha
grande dedicação pelas práticas esportivas, disputou o torneio paulista de
judô, sendo o primeiro colocado na sua categoria. Treinou natação, fez parte da
equipe de remadores do Corinthians e começou a treinar capoeira. Ainda
auxiliava o pai nas atividades de comércio e tinha um grande gosto pela
leitura, foi assim que passou a questionar a realidade brasileira.
Em
1967, no colégio estadual M.M.D.C, articulou-se com outros colegas para formar
chapa para disputar as eleições do grêmio estudantil. Em 1968 liderou um
movimento de estudantes, chegando a organizar uma greve. Foi transferido
compulsoriamente tendo que se matricular em outra escola para concluir o ano.
Ficou
conhecendo detalhes do acordo MEC-USAID (acordo entre o ministério da educação
e United States Agency International Development – que reorientava o sistema
educacional brasileiro de acordo com necessidades do desenvolvimento capitalista
internacional) e engajou-se no movimento estudantil contra tal acordo. Passou a
interagir com estudantes de outras escolas, formando e articulando uma chapa
para a disputa, em 68, das diretorias da União Paulista dos Estudantes
Secundaristas (UPES) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).
Organizou com esse grupo um movimento de estudantes secundaristas nas escolas
da zona leste de São Paulo.
Durante
as greves operárias de 68, em Osasco – cidade da região metropolitana de São
Paulo – assistiu à algumas assembleias sindicais com outros colegas e levou o
apoio dos estudantes aos operários em greve.
Eremias
foi assassinado em 16 de outubro de 1969, na vila Cosmos, no Rio de Janeiro,
quando teria reagido a ação montada pelos agentes do DOI- CODI que cercaram sua
casa e atiraram até matar o jovem.
As
impressões digitais de Eremias Delizoicov foram confirmadas pelo datilocopista
da Delegacia de Crimes Contra a Pessoa, de São Paulo. Mesmo assim, Foi lavrado
em nome de José Araújo de Nóbrega. Ou seja, enterraram o corpo de Eremias com o
nome de outra pessoa propositalmente.
Em
1970, seu pai foi convocado pelo DOPS, em São Paulo, pelo delegado Sergio
Fleury. Enquanto aguardava-o, ouviu-o dizendo a uma mulher algo como “é uma
questão de tempo, ou ele é preso ou morto como o filho daquele senhor”,
referindo-se a ele. Neste momento, inteirou-se da morte do filho. Em seguida,
Fleury disse que o corpo de Eremias foi enterrado com o nome de José Araújo
Nobrega., que havia sido preso antes e que portanto, o morto em outubro de 69
era Eremias.
Em
1979, após a edição da lei da anistia, seus pais iniciaram a tramitação
jurídica para obtenção do seu atestado de óbito, que só tiveram acesso em 1993.
0 comentários:
Postar um comentário